Traduzindo os termos dos comportamentos atuais nas relações

Aline Cruz
Traduzindo os termos dos comportamentos atuais nas relações
Quase algo, love bombing, ghosting…
Desde quando ficou tão complicado se relacionar?

A sociedade muda com o tempo, com as influências nas redes sociais, com a cultura, com as tendências como um todo e certamente afeta os relacionamentos. Cada relação é única, mas muitas das dinâmicas atuais se repetem — e, infelizmente, boa parte delas são negativas.

A falta de compromisso, o medo do amor que se sobrepõe ao desejo e traumas latentes se misturam com a vontade de viver relações sinceras (e muitas vezes sem tantas amarras). Para falar um pouco sobre o assunto, este texto traz algumas entrevistas com pessoas que compartilharam as próprias experiências com a Exclusiva. Vem conferir tudo!


Termos são novos, mas comportamentos antigos

Principalmente se você está solteiro ou em buscas de novas relações, já deve ter ouvido termos comuns para denominar comportamentos repetitivos nas relações atuais. Às vezes parece um mundo infinito de possibilidades da compatibilidade e da possível relação “dar errado”, o que é insumo de sobra para conteúdo nas redes sociais.

Não que os comportamentos não existissem, eles já aconteciam, como o ghosting, pessoas já se comportavam desta maneira, mas não recebiam essa nomenclatura. Fatores como a internet que aproximaram mais as pessoas como em redes sociais ou aplicativos de namoro, facilitam que este e outros tipos de comportamentos aconteçam com maior frequência.


Dificuldade em criar relações

Três pessoas entre 19 a 28 anos participaram da entrevista para a Exclusiva sobre essa temática e todos eles em comum relataram a dificuldade em criar relações. Na fase em que as pessoas estão se conhecendo existem diversos desencontros e padrões de comportamento que se repetem.

Para a Julia, mulher hétero, 23 anos, o começo é complicado “Acredito que o que mais me incomoda é realmente a dificuldade em conseguir conhecer pessoas para poder sair, poucas pessoas estão dispostas a dar o primeiro passo ou encontrar você no meio do caminho”. Ainda sobre essa fase inicial, ela ainda completa “Acho que cada vez mais as relações estão um pouco complicadas de serem criadas, e o fato de muitas vezes a gente levar um ghosting, por exemplo, vai desanimando um de querer encontrar alguém para construir um relacionamento duradouro”.

Outro momento em que também pode aparecer dificuldade é quando a relação começa a se aprofundar, como relata o Gabriel, homem gay, 28 anos “Sinto que em alguns aspectos tudo ficou muito superficial principalmente em aplicativos de relacionamento, a maioria das pessoas parece que quer muito algo sério, mas quando as coisas começam a ficar mais reais elas querem fugir ou por traumas mal trabalhados ou por acharem algo melhor”.

Outro ponto levantado foi a falta de clareza também desde o início, que só atrapalha a noção de expectativas que as pessoas podem ter, gerando mal-entendidos e até mesmo maiores prejuízos emocionais. A Lissa, demigênero, 19 anos, fala sobre o assunto “O que mais me incomoda nas relações atuais é a falta de clareza sobre os objetivos daquela relação. A falta de comunicação pode levar a uma interpretação errônea da parte da outra pessoa e alguém acaba se machucando”.


Love bombing: da intensidade à ilusão

Talvez um dos termos mais conhecidos e falados na internet, o love bombing costuma ocorrer no início de uma relação, quando naturalmente há mais atenção, o comportamento pode passar do ponto. Elogios em exagero, declarações e promessas de amor, presentes e demais demonstrações exageradas podem ser um sinal de alerta.

Depois da chamada “bomba de amor”, pode acontecer um afastamento, corte do afeto presente até então, tratando até mesmo com desprezo, causando confusão na outra pessoa e um espaço livre para a manipulação. Já que a outra pessoa vai tentar de todo jeito receber a recompensa do que recebia antes, sofrendo abuso; pode cancelar planos com amigos ou família, por exemplo, tudo para tentar resgatar a atenção e afeto. Dois dos três entrevistados, a Lissa e o Gabriel, já passaram por love bombing.


E ghosting?

De forma simples e direta, ghosting se trata do sumiço de uma pessoa que havia um contato frequente, sem nenhuma explicação ou encerramento oficial da relação, apenas o corte, sem aviso.

Muitas vezes acontece depois do love bombing, como disse a Lissa “O ghosting foi em maio e segue até agora. Já o love bombing foi um pouco antes. Acho que essas duas situações acontecem geralmente uma seguida da outra com frequência”. Infelizmente acaba sendo ainda mais doloroso, já que toda aquela expectativa é desmoronada sem explicações.

O ideal é ter acompanhamento psicológico para lidar, entender que infelizmente a outra pessoa não estava em busca de um relacionamento sério, na maioria das vezes, pode ter dificuldade de lidar com as próprias emoções, por não saber ter conversas difíceis. E que apesar das probabilidades é melhor não se prender a tentar entender o outro, já que ele não deu acesso a isso.


Quase algo

Uma situação de relacionamento que virou até meme é o “quase algo”, aquela relação que não é nomeada, mas que apesar da fuga de um rótulo, ela segue ali, existindo na vida de ambos, sendo nutrida, mas sem um destino certo do que de fato está acontecendo ou pode acontecer.

Por um lado, a liberdade de não estar em um namoro pode ser positiva para uns, por outro, essa falta de clareza, pode trazer confusão e ansiedade em quem precisa ter os pés no chão, ao menos que minimamente para entender onde está se envolvendo. O “quase algo” pode parecer liberdade, mas muitas vezes é só uma forma de evitar vulnerabilidade.


Outros comportamentos/termos

Não para por aí! Existem inúmeros termos que determinam situações e comportamentos complicados nas relações atuais, venha conhecer um pouco mais sobre outros:

- Breadcrumbing: conhecido por “jogar migalhas”, se trata da situação de quando alguém dá sinais esporádicos de interesse e atenção com objetivo de manter a pessoa por perto. Tudo isso sem ter a intenção de levar a relação adiante, apenas ter a pessoa disponível quando quiser.

- Situationship: é quando existe uma relação sem definição, é mais do que uma amizade e menos que um namoro, possui envolvimento emocional e intimidade, mas não tem rótulo ou clareza do que está acontecendo.

- Orbiting: parecido com breadcrumbing, mas um pouco mais distante. Neste caso a pessoa se afasta, mas indiretamente está presente nas redes sociais, como curtindo publicações, enviando mensagens ocasionais e visualizando stories.

- Negging: mais uma forma confusa, mas com objetivo de manipulação. É quando há elogios, misturados de críticas sutis, fragilizando a outra pessoa e tendo a sua atenção.


Nem só de confusão e dores se vivem as relações

Apesar de tantos desencontros confusos e dolorosos, ainda há esperança para as relações e até mesmo para o amor. Talvez um amor um pouco mais livre, relações mais flexíveis, mas que quem sabe com muita terapia, diálogo e respeito possam existir de forma saudável!

O Gabriel cita um aspecto importante “No geral o que mais gosto nas relações atuais é a sinceridade de algumas pessoas e transparência”.

Enquanto a Júlia valoriza a leveza “quando você encontra alguém para sair, geralmente não existe um peso de ‘comprometimento’ logo de cara”. Que de certa forma vai ao encontro com a ideia da Lissa, sobre as atuais formas de se relacionar “O que eu mais gosto nas relações atuais é a falta de complicações para iniciar uma relação, parece que no começo do engajamento é bem mais fácil e as dificuldades vão aparecendo depois.”

E você, já passou por essas situações? Deixe nos comentários. Independente da presença ou não de relações com outras pessoas, não esqueça de manter sempre conexão com o seu próprio prazer! Para isso, conte com os sex toys da Exclusiva.

Aline Cruz

Escrito por:

Aline Cruz

Escrita sempre foi um refúgio e uma forma de transformar o que penso em realidade, antes em cadernos, hoje na internet como jornalista e redatora. Escrevo porque guardar tudo para mim seria egoísmo. Também faço teatro, mergulho nas músicas, viajo dentro de mim e também fora: sejam lugares, pessoas, histórias ou teorias.

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