Contos Imorais

trinta e nove minutos
enquanto você me beija eu ouço sua respiração intensificar o silêncio do quarto
quando sua boca se afasta, sua mão tapa minha boca e esfrega, você prende meus lábios entre os dedos e chupa meu seio.
e volta sua boca na minha.
e volta a mão tocar o peito.
um revezamento que deixa meu corpo em euforia, aglomeram-se poças copas cântaros, retêm o rio que vai acachoeirar quando você mergulhar
uma mão na minha boca atenta vívida lendo essas digitais com a ponta da língua
uma boca no mamilo pontiagudo duro quente melado de saliva corrente
sua outra mão atravessa o umbigo, alcança os pelos monta o grelo e toca vulva com os dedos
meu corpo espasma, minha rigidez se desfaz neste lençol molhado, eu sou o monte Olimpo com as colunas dóricas trepidando,
elas ameaçam queda
elas ameaçam desmoronar barulhentas
anunciam o voo em estrondo até que sobre somente o silêncio.
tal qual meu corpo aqui neste lençol onde existo oceânica
trepo assim com você
desencaminhada
sobrevoando o quarto enquanto você amassa minha carne.
enquanto você coreografa meu gozo, eu agarro seu cabelo com uma força nada moça
pequenos gemidos roçam o azul mentolado da madrugada e adoçam esses movimentos selvagens de caça-caçador
quando finalmente você deita sobre mim ávido por chafurdar-se na buceta, teu olho respira aliviado porque adora enxergar meu rosto lânguido através do véu da noite.
ricocheteio meu ventre
colidimos nós buscando um no outro terremotos
você me come e saciada fico quando afogada submersa alagadiça
eu te como e saciado fica me ouvindo cantar aquela do Chico
"o meu amor
tem um jeito manso que é só seu
que me deixa louca
quando me beija a boca
a minha pele toda fica arrepiada
e me beija com calma e fundo
até minh'alma se sentir beijada, ai
e por ser sua menina quase que o tempo todo, de noite viro mulher deusa bicho
viro seu corpo do avesso
sentada com seu corpo entre as pernas grossas úmidas inquietas despertas induzindo você, conduzindo você também à queda, ao mar, ao sal
desmoronamos
toda noite
para viver melhor
pelas manhãs.
amor meu,
este último conto é pra você,
mas é só mais um.
quero te cobrir de conto
escandalizar esse desejo louco
mostrar meu peito rouco gritando pulsando gemendo de sentir teu sorriso arregaçando este corpo
eu quero fazer um escândalo quando gozar na sua cara lavada de suor
quero mexer a buceta molhada com tua língua afogada socada entre as nádegas e teu olho menino me comendo de todo jeito
um conto perfeito, como os beijos que você me dá
quero te cobrir de conto, te esfregar a pele e a palavra que é o que há de mais lascivo em mim
quero que você durma e acorde com o eco do meu gemido te levantando o pau, te levantando da cama, te levantando da vida e da dor
quero que você fique chocado com o quanto eu posso amar e versar amor o dia inteiro
te cobrir de conto te contar o que vejo em sonho quando durmo colada nas suas costas como se eu fosse uma pequena mochila enroscadinha no teu corpo imenso
eu quero que você acorde e procure pelo meu cheiro e pensando nele pense “que saudade dela” - me manda uma mensagem,
diz que precisa me ver agora
eu não vejo a hora da gente nascer de novo só para te conhecer de novo, eu vou sentir o mesmo gosto
ardido de doce
daquele dia que te vi
quero escrever mais um milhão de contos e te cobrir com todos até me acostumar com esse afeto imenso que não consigo
conter,
rs, eu quero muito você.
eu quero aguar as plantas e depois tirar a roupa para abraçar sua cintura e ver teu olho incandescer, sempre pronta pra você lamber
sempre.
cada conto que te escrevi, delicados e sujos, vieram do mesmo lugar - eu tenho uma fenda aberta do umbigo à garganta, e lá está,
eu você o mundo
e todos os meus desejos profanos sagrados profundos insanos vulgares amáveis terríveis
eu penso teu corpo e o desenho em cima do meu, dentro do meu, embaixo do meu
eu quero te cobrir de conto porque você me cobre de poesia com essa vida toda que vem de você.
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